42. – Quinta – Feira…

Levantei-me uma hora antes do costume... impelida por uma necessidade física de sentir frio... nadei na praínha durante mais de meia hora... subi completamente mirrada e hipotermizada... mas com o ego refeito... duchei-me rapidamente e fui despertar o Emílio... que dormia na posição fetal... encaixado ao corpo frágil de Lynn...; preparei um pequeno almoço para todos... fiz três pequenas omeletes de dois ovos cada... forradas de queijo emmenthal... fiambre de pato e salsa... e um batido de morangos com “natillas”...; a ausência de Jordi já me incomodava... comecei a contar os dias... “só mais dois... e já o tenho comigo”... uns dias antes pedira que me deslocasse a Windhoek... na Namíbia... onde ele se encontrava agora... mas eu teria de abdicar de algumas conquistas já realizadas... ele afagava-me os cabelos e dizia-me... em tom paternalista... “gaja... pensa em realizar uma carreira... depois dos trinta...! agora... vive muito...! viaja muito...! experimenta muito...! estórias... gaja! anda comigo... vou te mostrar onde existem estórias incríveis que merecem ser contadas... África... América do Sul... Extremo Oriente... ! aqui... !? já tá tudo contado... ! vê o que escrevem Saramago e Lobo Antunes... filosofices e sofismas... montes de m... os gajos já ñ têm estórias p´ra contar...! Agora vê o meu amigo Agualusa... que fussa.. em Goa... no Brasil ... em Angola... em busca de boas estórias...! aí está uma referencia... anota...! Agualusa...! eu encolhia-me toda... “tens razão... mas tenho de terminar antes a minha formação...!” Querida... manda a tua formação à... !!! assim terminavam sempre... as nossas débeis discussões...; Vim sozinha p’ra Lisboa... no Capri do Jordi... Emílio e Lynn ficaram com o meu carro... ; Bumbei a manhã toda a tentar cozer todas as pontas... já que na sexta estaria de corpo e alma no “Delta Tejo”... saí do jornal ... e às 16:20 estava na avª da república em frente a pastelaria Versalhes... uns minutos depois chega o parzinho romântico... e lá fomos lanchar...; rapidamente seguimos para o monumental onde às 17.00... tentamos ver o “Death Proof” de Quentin Tarantino... uma porcaria que procura imitar os filmes de série Z... dos 127 minutos do filme devo ter estado atenta aos primeiros 7... nos outros 120... fechei os olhos e tapei os ouvidos com os meus fones... e adormeci... profundamente... 5 euros e meio bem empregues...; seguimos em procissão até Caxias... depois passei ao modo warp... desapareci do radar... e eles nunca mais me viram... ; qd cheguei à casa fui directa ao pub... ver o Josh e a Célia... tava vazio... distribuí beijinhos e carreguei a jukebox com “You’re My Heart You’re My Soul” dos Modern Talking... e fui sentar-me na minha mesa habitual... junto a janela... a noite caia pachorrenta... Célia... colocou dois café na mesa e sentou-se... diante de mim... conversamos uma boa horita... sábado já teríamos Jordi connosco...