38. – Domingo... Ficar ou ñ Ficar em Casa...

Levantei-me cedinho... e cedinho amuei... hoje ñ me apetecia nada sair de casa... e os planos dos meus hospedes incluem irmos... chillar... para Sintra... estou em minoria... odeio a maioria... sou uma democrata renitente à ditadura da maioria... registe-se... politicamente... sou uma consumidora... uma fundamentalista dos meus direitos de consumidora... sou uma activista da DECO... avalio a qualidade da governação... pela qualidade dos mercados e das mercadorias...; ok pessoal... fazemos o seguinte: vocês vão desopilar para Sintra... eu fico em casa a fazer o almocinho... e tragam-me umas queijadas... sim...? mas nós queríamos almoçar em Sintra...!!!! ok... melhor ainda... almocem... ñ se preocupem comigo... eu fico bem... desde que me tragam as queijadinhas... e lá foram... os três... e eu fiquei encantada (eles vão ler isto) de passar uma parte do meu domingo... comigo mesma... em casa...; enviei um sms ao Josh... breve foi a resposta... “vamos no meu carro...” ok... fomos os dois... como sempre... ouvir missa à Igreja de Colares...; adoro estes pequenos trajectos com o Josh... há quase uma obsessão de me sentir mais inteligente... qd estou com ele... Josh é um professor e investigador... de exegese e hermenêutica... com a rodagem feita em múltiplos ramos do conhecimento... e que comigo partilha uma coisa quase secreta... mesmo um culto obscuro... diria... somos os dois... estranhamente... estudiosos e amantes da poesia de Herberto Helder... somos na realidade dois herbertómanos... uma doença ridícula... absurda e incurável... ri-se muita vezes de nós... Célia... a companheira de Josh...; depois da missa esticamos um pouco as pernas no largo da igreja... e voltamos tranquilamente para casa... e para o pub... de que Josh é proprietário... e um dos barman’s...; a jukebox inalava “Heroin” dos Velvet Underground”... acomodei-me... na mesa pegada a ampla janela... que dava para o mar... fixei o olhar nos rochedos... havia bastante rebentação... josh dispôs na mesa dois copos demi-johns para absinto e serviu-nos o pernod percorrendo religiosamente toda a sua complexa liturgia... do âmbar a leitoso...; deu um gole longo... e observou-me atravez de um esgar de prazer... almoças connosco...? hum... hum... respondi afirmativamente...