segunda-feira, 20 de agosto de 2007

73 – Domingo... Diário de viagem... Burgos...

Depois de sairmos de Fuentes d’ Oñoro... ainda permaneci no corredor do comboio... em sadia cavaqueira com o Marcinho... até Salamanca... cidade onde ele desceu e onde pensa ficar dois dias... e ajustamos reencontrarmo-nos em San Sebastian... no dia 26... domingo... ; regresso ao meu compartimento onde os beliches estão já montados... e toda a gente já dormita... trepo silenciosamente pelas escadas até ao topo da minha caminha... estou quase colada ao tecto... ñ quero dormir... ponho o despertador do meu relógio de pulso para às 2:40... ; acabo mesmo por adormecer e sou salva pelo despertador... momentaneamente perco a noção de espaço e de tempo... e acordo meio atarantada...; desço do meu beliche e vou aos até lavabos... lavar a cara e os dentes... tenho a mochilona mesmo junto à porta de saída... ; no percurso... pelo corredor da carruagem ouço pelo menos umas cinco ou seis línguas diferentes...; fuma-se mt... bebe-se alguma cerveja... e fala-se baixinho... procuro a carruagem do revisor... para que me restitua o bilhete... ; 03:07... piso a estação de Burgos... o segurança da “Prossegur” ajuda-me a tirar a mochila do comboio... os meus olhos demoram a habituar-se a intensidade da luz florescente... e buscam alguém ruivo... há 4 anos que ñ nos vemos... logo percebo que ele está mesmo junto a mim... qd se me dirige com uma alegria incontida... e um “qué tal el viage...?” salto-lhe para o pescoço... “Tomás ... fogo... deixaste crescer a barba... pareces mesmo o Moisés...”; saímos da estação... o Tomás veio acompanhado de um outro rapaz... “Pipo”... o cozinheiro... meto a mochilona na bagageira da carrinha... e seguimos em direcção a Quintanadueñas... um “pueblo” que alberga uma pequena comunidade de menonitas... que há muitíssimos anos... decidiram deslocar as suas vidas... da cidade de Burgos para esta aldeia que dista cerca de cinco quilómetros... do centro da cidade... ; representam hoje 60% da população do “pueblo”... e dessa comunidade de pessoas... existe um núcleo mais pequeno... de cerca de 17 pessoas... que partilham comunitariamente os espaços e os bens... num edifício de três andares...; as suas vidas profissionais... sustentam-se em duas prosperas empresas... uma de fabricação de brinquedos artesanais de madeira... e outra de restauro de edifícios...; já no interior do prédio... subimos por uma escada em caracol... ao último piso onde me instalo num pequeno quarto... de umas águas furtadas... aí despeço-me baixinho de Tomás... deito-me e durmo até tarde...; sou despertada pela luz do sol que me entra pelo quarto adentro... olho para o relógio e são 10:20 da manhã...; faço a minha higiene pessoal e desço ao rés do chão... piso que é constituído por uma enorme sala de comer... e uma considerável cozinha... ; ouço vozes vindas da cozinha e dirijo-me para lá... e vejo Mar... abraços... beijinhos e lágrimas... ela serve-me o pequeno almoço... senta-se junto a mim... na enorme mesa comunitária da sala de jantar... e põe-me a par de 4 anos de novidades...; Ajudo a Mar e o Pipo nas tarefas de um almoço para 18 bocas... “lentilhas com entrecosto e morcela de arroz...”e natillhas para a sobremesa...; ao almoço a algazarra típica de 18 indivíduos... de quatro nacionalidades diferentes...; Tomás... 41 anos... arquitecto e português... marido de Mar... uma linda cubana de uns 30 anos... é o principal responsável pela comunidade... depois temos espanhóis... americanos... europeus e sul americanos... 9 raparigas e 8 rapazes... contando comigo... fica 9x9... graceja Pipo... finalmente pares...; é uma comunidade flutuante... existem 4 permanentes entre os quais Tomás e Mar... o resto são mocinhos e mocinhas menonitas... que vêm dos mais variados sítios do planeta para viverem uma experiência de vida comunitária... ; depois do almoço... Tomás dá-me uma boleia até a cidade de Burgos... onde passeio durante a tarde... revendo sobretudo a Catedral... e o “cofre de el Cid...” está tudo igual... saio... compro o “el país” e sento-me num banco no jardim adjacente a catedral... há uma brisa de vento muito agradável.... e o jardim está preenchido de mamãs... “abuelas” e bebés... ; penso que poderia ser imensamente feliz aqui nesta cidade... é uma das minhas cidades de eleição... e gostaria mt de um dia poder viver aqui... casadita... com uma vida simples... com 3 ou 4 filhotes... 2 cães... um gato... meia dúzia de patos... eu sei lá... enfim “sueños” burgaleses...; à tardinha...às 18:30... como combinado... retorno ao “pueblo” na carrinha dos rapazes... que trabalham no restauro de um edifício de 6 andares... e que me contam trocistas... as proezas vividas no topo do mesmo... peço que parem a carrinha em frente a uma “tienda de chucherias”... e compro gelados para todos...; ao jantar comemos “croquetas de jamón serrano y pollo”... pasta e molho de tomate...; a parte interessante foi o serão... que é passado numa sala de estar mais pequenina e acolhedora... onde uns tocam guitarra e outros cantam... foi divertidíssimo... e eu fiz um cover à viola... de duas músicas... “Precious” dos Depeche mode e “Torn” de Natalie Imbruglia...; Subi ao meu quarto já depois da uma da manhã... e antes de adormecer escrevo este interminável post... desculpem-me os erros mas tou sem pachorra para os corrigir...

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