59. – Domingo... em Évora... a Exercitar o Complexo de Electra...

Partilhei o meu quarto com a Kika e estivemos na cusquice... até às 2 da manhã... depois... adormecemos...; levantei-me por volta das 7 horas... um pouco tarde relativamente a minha rotina nas Azenhas... Kika ainda dormia a sono solto... e fui até a cozinha... onde encontrei o meu pai... de calções militares... e em tronco nu... sentado num banco de madeira... a beber espumante “Luís Pato”... e a fatiar... presunto de porco preto... para uma travessa... noutra travessa contígua... já existiam uma meia dúzia de finas fatias... de “broa de Avintes”... beijei-lhe a testa e ri-me baixinho... “dividimos o matabicho...?” pedi divertida... ele fez-me uma vénia... apontando para o banco... ao lado seu... ; após a ligeira patuscada matinal... tomei um duche... isolei-me um pouco no meu quarto... a despachar algum trabalho que trouxera do jornal... vinte minutinhos antes das onze... peguei no meu pai pela mão... e fomos à Sé ouvir missa ... a minha mãe e a Kika ficaram a fazer o almoço... Emílio e Lynn foram a Beja... ver a chegada da 2ª etapa da volta a Portugal em bicicleta...; a seguir a missa sentamo-nos num café... e ficamos a gozar a paisagem humana... diante do meu Martini... o meu pai pediu... um Moscatel de Favaios... e tiras de lentrisca... o meu estômago deu uma volta...; depois disso... passeamos agarradinhos pelas ruínas... e fomos espreitar a catedral... e voltamos a nossa casinha... para degustar o almoço... “lombo de porco assado.. com puré de batatas...” e como sobremesa... “baba de camelo” feito pela dona Kika...; arrumada a cozinha... vou dar com o meu pai na salinha... ambiente penúmbrico... um cd do Adriano Celentano... a cantar baixinho “Dont Play That Song”... faço-lhe um sinal de ponto de ordem... a pedir-lhe licença... e sento-me no cadeirão a sua frente... “hoje ñ te largo por nada... mas percebes... as vezes sinto tanto a tua falta” digo-lhe mimada... ele sorriu incomodado e com o dedo indicador da mão direita... nos lábios... pediu-me silencio... apontado para o leitor de cd’s...; amuei... e sentei-me no "parquet"... em postura de lotus... a vasculhar desinteressada as revistas da minha mãe... “vou ter uma conversinha com o senhor Jordi...” disse-me ele... assim do nada... despertando-me do meu ligeiro mau humor... “quero-vos casados até ao final do ano”... “incomoda-me imenso essa instabilidade em que vocês vivem...” apeteceu-me protestar... mas ñ me saiu nada... ; O resto da tarde passei-a no meu quarto a charlar... a jogar a batalha naval com a Kika... e a chatear a cabeça ao “Pelé”... o terrível gato da minha mãe...; Emilio e Lynn voltaram de Beja... e fomos em bando... jantar fora...